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Vira casaca



Sinopse: Jorge decide torcer para o Japão na final da Copa das Confederações. Segundo  ele os jogadores brasileiros são muito convencidos. Arnaldo fica revoltado com a posição de Jorge.

Na sala de estar, Jorge esta de frente a TV vestindo a camiseta da seleção do Japão. Ouve-se o burburinho do inicio do jogo.

Jorge: O jogo vai começar Arnaldo, vem rápido.

Chega Arnaldo.

Arnaldo: O que você esta fazendo com a camiseta do Japão?

Jorge: Vou torcer para os japoneses hoje.

Arnaldo: Ficou maluco? Qual é o seu problema?

Jorge: O Brasil não dá. Se a gente ganhar vamos achar que o Brasil fez tudo certo. Nosso time é uma porcaria, esse povo é muito convencido.

Arnaldo pega uma cerveja na mesa de centro, entre a TV e o sofá onde eles sentam.

Arnaldo: Você ainda ta comendo aquela japonesa? Só pode ser por isso que virou a casaca.

Jorge: Ela foi embora semana passada. Nem deu tchau.

Arnaldo:  Você quer que eu arrumo a Priscilinha para você esquecer essa japa? Em um minuto você vira brasileiro  e decora o hino nacional.

Jorge: Os japas merecem. É o jogo da vida deles. Olha lá os brasileiros, parece modelos desfilando na passarela.

Arnaldo: Jorge, você se acha melhor que todo mundo. Queria ver em 94, em 2002 se usaria essa camiseta. Tudo bem que nosso time é uma merda, mas vamos torcer. Nosso país fala português. Você não sabe uma palavra em japonês.  

Jorge: Eu sei que tem terremoto lá. A minha homenagem ao povo japonês.

Arnaldo: Podia ser a Itália, Alemanha, Espanha. Agora, o Japão? Vai torcer para o pior time.

Jorge: Os caras nunca ganharam uma Copa, precisamos dar uma ajuda para eles. A minha atitude é uma forma de democratizar o futebol. Se cada time de um continente diferente ganhar uma Copa nosso penta será mais valorizado.  

Arnaldo fica furioso, desliga a TV com o controle.

Arnaldo: A brincadeira acabou. Vai lá na japonesa da mercearia assistir o jogo com ela. Aqui é Brasil.

Jorge: Que isso Arnaldo? Que ignorância é essa? É só um jogo.

Arnaldo: Jogo é o caralho. Não tenho nada haver em democratizar o futebol. Onde já se viu esporte democratizar algum coisa. Vai, vai, vai, vai rápido. E não me venha com essa camiseta japonesa quando acabar o jogo.

Jorge: Eu pensei que nós éramos amigos, parceiros. A gente vive num país democrático.

Arnaldo: Vai embora antes que o jogo comece. Que palhaçada é essa? Ta pensando o que? Aqui não é o samba do criolo doido não. O mínimo de respeito, sou brasileiro, porra.  

Jorge: Você esta cometendo um grande erro na sua vida. Você esta me censurando. Tenho direito da liberdade de expressão.

Arnaldo (empurrando o amigo): Vai para a casa do chapéu com a sua liberdade de expressão. Isso aqui é futebol, não é discussão da ONU sobre direitos humanos. Quer torcer contra, vai lá pra mercearia.

Jorge: Perai Arnaldo, vamos negociar. Sabe aquele dinheiro que você me deve? Aquele do mês passado?  Não precisa pagar não. Fica de presente. Mas dai assisto o jogo aqui.

Arnaldo:  Não devo mais nada? Esta tudo certo? 0 a 0 entre nós.

Jorge: Tudo certo.

Arnaldo: Qual é o nome mesmo do atacante japonês?

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