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Livros que carregamos

Não se fazem livros como antigamente. Não falo sobre a qualidade do material de que eles são feitos. Conto as expectativas geradas antes do livro chegar nas mãos do leitor. Para quem morou no interior sabe do que eu estou falando. Você só tinha acesso a eles quando alguém de fora o trazia ou vinha com notícias a respeito do próprio. Quando ouvia-se falar, o leitor futurista já imaginava o que naquelas folhas poderiam estar escrito. Se lia antes mesmo de ter os livros nas mãos. Livro era algo caro, como na maioria das vezes. Em muitos casos era preciso entrar na fila de leitores pois havia apenas um exemplar. A biblioteca poderia ser a salvação, só que a disputa era acirrada. Os livros eram objetos raros que deviam ser guardados com cuidado em locais seguros, de preferência distante da umidade e do Sol. 
Uma vez um tio me disse que quando voltasse de viagem traria um livro sobre uma menina que vagava por um mundo dos sonhos onde encontrava muitos animais pelo caminho. Não sei porque me lembrei da Arca de Noé. Em poucos dias descobri que se tratava de um livro considerado infantil que para mim dizia mais para os adultos do que para crianças, era Alice no país das maravilhas. Quando releio o livro,  lembro de quando eu ganhei o livro, lembro do meu tio, lembro do Coelho Branco que me remetia a um amigo chato do colégio. 
Hoje raramente compro livros, não sei se por falta de tempo, por falta de espaço ou porque tenho pouca paciência com eles. Creio mesmo que com o passar do tempo perdi a imaginação despretensiosa que vinha com a espera daqueles escritos vindos da capital. 

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