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É cada um que me aparece.

Já tinha acabado o desenho quando tocou o telefone.Era Marilia, uma antiga namorada que ligara por causa do meu aniversário na semana passada. A principio pura formalidade. Depois dos cumprimentos, ela insistia em falar sobre a sua vida amorosa. Confesso que não tinha o menor interesse. Ela era uma pessoa bacana, inteligente, bem dedicada aos amantes, um exemplo de funcionaria mas fazia um papel de ridícula ao desdobrar suas intimidades.
Com o passar dos minutos, percebi que ela queria mais do que os meus ouvidos, queria os meus conselhos também, a minha opinião sobre que rumo tomar. Fiquei preocupado, ela sempre foi uma pessoa decidida. Depois dela falar de três rapazes, o passarinho na gaiola decide a piar, senti uma vontade de desligar. Estava com sono, dia cansativo. Perguntei se poderíamos conversar outro dia. Ela se convidou a ir a minha casa. Fui cruel, disse que tinha visita, não poderia recebe-la naquela noite. Ela insistiu e acabou batendo na porta do apartamento. Ao descobrir que estava sozinho, sem muita explicações ou questionamentos deu me logo um beijo de mulher apaixonada na minha boca seca, não ha dúvida ela estava com algum problema sério.
Após o amasso, acabamos indo pra cama. Pela manhã, fiz questão de acordar cedo pra que ela não me viesse. Ledo engano. Ela já tinha preparado o café da manhã, com suco de laranja. Suspeitei que o pior estava por vir. Em seguida ela confessou que não gostava de nenhum daqueles caras, nas últimas semanas sentia-se muito só e a situação piorou depois que seu gato morreu ao pular da janela e do fora que levou da sua colega de trabalho. Toda aquela história pouco me interessava. Dei o telefone do meu terapeuta e fui tomar café na padaria.

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